30 de mar. de 2015

O velho do saco (prólogo)

      Em alguma pequena cidade do interior um menino brinca alegremente pelo matagal, eis que ao longe ouve-se uma voz cortando o doce silêncio do campo.

- "ZÉ CARLOS!!!" 
grita a impaciênte senhora a chamar seu neto que logo a responde ao longe:
"-Já vai vó!


Eis que conhecemos dona Zuleica, moradora da pequena cidade de Rio Molhado e seu neto Zé Carlos.

Dona Zuleica: 
"- Zé! isso lá é hora e ficá de vadiage minino... vá aprontá suas coisa e vá direto pro culégio."

cabisbaixo o menino indaga:
"- mas vó, a escola fica muito longe e eu tô lá no matagal ouvindo meu radim de pilha na miuda, deixe só por hoje vózinha. vá..."

Infezada a senhora rapidamente saca o chinelo e aponta-lhe na direção do rosto:
"- Olhe só muleque... se ficares de pirraça arranco-lhe os dente da boca com uma chinalada!" 

    
        O menino aparentemente acata a ordem da avó, mas ao pegar seu material escolar e colocar na mochila, o menino coloca também seu modesto rádio de pilha, rádio este deixado de presente pelo seu irmão Manuel que foi tentar a sorte na cidade grande e nunca mais voltará.
        Segue-se então a rota para a escola, e logo ao pegar a estrada de terra o menino Zé Carlos  disvia-se para o caminho do centro da cidade, que em sua grandes  avenidas mal pavimentadas perde-se em seus sonhos. O menino pensa um dia ir para o estrangeiro, quem sabe Londres, Nova York ou até mesmo São Paulo, já que pra os moradores de Rio Molhado sair da cidade é sinônimo de viajar para o exterior.


       Ao atravessar uma avenida, Zé observa um senhor distinto caminhando pelas ruas, trata-se de um homem muito sujo, aparentemente com seus 70 anos de idade, calvo, com uma barba longa e encardida, suas roupas estão em frangalhos e em sua mão direita carrega um saco de pano, ao cruzar com o velho homem pela rua o menino olha amedrontado para ele, eis que o velho homem lança um olhar assustador ao menino e em seguida diz:
"- criança que não serve pra estudá ou vira sabão"



    Ao ouvir as palavras do homem Zé corre pelas ruas em direção a praça da cidade e procura Sr Mendel, guarda da cidade que já conhece Zé Carlos de inumeras travessuras pela região.
   "Seu Mendel! Seu Mendel! tinha um velho! ele disse que vai me transformar em sabão!"

Ao ouvir o pedido de socorro do menino o guarda primeiramente dá um puxão de orelhas em Zé e o conduz até a escola dizendo:
"- Se esse velho for te transformar em sabão com certeza é porque você não que saber de estudar, anda, vá para a escola"

e o deixa na porta do colégio.

   Na escola, Lucio, colega de classe de Zé Carlos e fiel companheiro em molecagem que vão de campeonato de cuspe a disputas para saber quem tem o "piru mais grande" dá falta de Pedro, outro de seus coleguinhas.
"- Zé! tá todo mundo na cidade dizendo que Pedro foi pro estrangeiro, mas eu sei, eu vi que ele foi é pego pelo velho do saco!"

   Velho do saco ? como assim ? na idade média jaz a lenda que existia um velho homem que andava pelas vilas carregando um saco, e saco este que continha crianças mal criadas que serviam como materia prima para sabão! é ! sabão! SABÃO! O velho do saco selecionava friamente suas vítimas, analisava o histórico do menino, para saber se realmente era mal- criado ou não. Como ele fazia algo assim ? em um tempo que não existia facebook, instagram, ou mesmo orkut e flogão ? isso é um mistério...   

Continua no próximo post...

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